segunda-feira, 9 de novembro de 2009

AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE

"Estamos a experimentar a maior onda de extinções de espécies depois do desaparecimento dos dinossauros. A cada hora, três espécies desaparecem. A cada dia que passa, extinguem-se mais de 150 espécies. A cada ano, entre 18 mil e 55 mil espécies desaparecem do mundo", sublinha Ahmed Djoghlaf (secretário executivo da Convenção para a Diversidade Biológica da ONU) por ocasião da celebração do Dia Internacional da Biodiversidade.

“Apesar de ter apenas 92.152 km2, Portugal encontra-se entre os países com maior biodiversidade do espaço europeu, mercê da sua situação biogeográfica e da história evolutiva desta região do mediterrâneo ocidental. Tal diversidade manifesta-se nos inúmeros habitats, paisagens e endemismos Portugueses e Ibéricos que de norte a sul do território nacional e com grande relevo nas ilhas atlânticas, nos oferecem esta grande riqueza natural e ao mesmo tempo nos responsabilizam pela sua preservação.” (in Quercus)

Segundo Purves e tal (1997) e Millennium Ecosystem Assessment Board a extinção das espécies pode ocorrer por vários motivos:

- Sobre-exploração das espécies
Os humanos foram causadores de extinções por sobre-exploração das espécies, por exemplo para a alimentação). Um pombo, a ave mais abundante no norte da América em 1800, foi extinto em 1914, largamente devido a sobre-exploração. Os baleeiros russos exterminaram um incomum steller's sea cow do norte do pacifico nos anos 1800, somente 37 anos depois da espécie ter sido descrita. O bisonte americano esteve à beira da extinção no início do século XX e poderá ser extinto hoje em dia se a sua caça não for proscrita. A sobre-exploração continua hoje em dia; por exemplo elefantes e rinocerontes são ameaçados em África porque são apanhados pelos caçadores devido ao valor das suas presas e chifres. Por causa do uso medicinal de chifres de rinocerontes em Sumatra e em Java, por exemplo, o animal foi caçado até o limiar da extinção.

- Pestes introduzidas, predadores e competidores eliminaram muitas espécies
Deliberadamente e acidentalmente, as pessoas movimentam espécies de uns continentes para outros. Os faisões e perdizes foram introduzidos no norte da América para a caça. Os colonos europeus levaram as suas culturas e animais domésticos para a Austrália. Introduziram outras espécies, como coelhos e raposas, para desporto. Sementes de ervas daninhas foram acidentalmente transportadas à volta do mundo nos navios. Apesar das quarentenas, organismos infectados espalharam-se rapidamente através de plantas, animais e pessoas infectadas.
Uma espécie que se desenvolveu numa comunidade com determinados predadores e competidores pode ser vulnerável a novos predadores e competidores introduzidos. Espécies introduzidas causaram a extinção de milhares de espécies. Ratos pretos transportados por navios para as remotas ilhas oceânicas são predadores destrutivos. Nas ilhas Galápagos, porcos e ratos introduzidos exterminaram imensas raças de tartarugas antes de Darwin ter explorado estas ilhas. Àrvores das florestas do norte da América foram atacadas por doenças europeias. A ferrugem da castanha, provocada por um fungo originário da Europa, eliminou virtualmente a castanha americana. Quase todos os olmos americanos de largas áreas do este e centro-este foram mortos pelas doenças dos elmos alemães, causadas por um fungo que alcançou a norte da América via Europa em 1930.
A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes ecossistemas também pode ser prejudicial, pois acaba por colocar em risco a biodiversidade de toda uma área, região ou país
Um caso bem conhecido é o da importação do sapo cururu pelo governo da Austrália, com objectivo de controlar uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste do país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios da região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e não uma solução

- Perda do mutualismo ameaça algumas espécies
Muitas plantas têm relações mutualistas com polinizadores. Se um deles se extinguir o outro seguirá o mesmo caminho.

- A destruição e fragmentação dos habitats são causas importantes de extinção de espécies
Os milhões de pessoas que existem na Terra são alimentadas, vestidas e têm casa devido à agricultura e indústrias de silvicultura que convertem comunidades ecológicas naturais contendo muitas espécies para comunidades altamente modificadas dominadas por uma ou várias espécies. Dentro destas comunidades, os humanos desencorajaram a presença de algumas espécies através da aplicação de químicos que matam plantas, bactérias, fungos, nemátodes, insectos e outros artrópodes, e invertebrados. Devido ao aumento das modificações dos habitats, a perda de habitats será a mais importante causa da extinção de algumas espécies durante este século (Purves et al, 1997). Os habitats requeridos por algumas espécies têm sido completamente destruídos e outros como grandes florestas e estuários bastantes reduzidos o que leva à extinção de espécies e perda de biodiversidade.

- As alterações climáticas podem causar a extinção de espécies
Os cientistas que estudam a atmosfera prevêem que, como resultado do aumento da concentração dos gases com efeito de estufa (como dióxido de carbono e metano) a média das temperaturas na América do Norte irá aumentar entre 2 a 5ºC no fim do século XXI. Se a temperatura aumentar 1ºC a média de temperaturas anteriormente encontradas numa determinada localização irá deslocar-se 150 km para Norte, o que significa que os organismos que sobrevivem melhor com aquela média de temperaturas terão de se deslocar 150 km para norte para encontrar as mesmas condições. Portanto, as árvores terão de alargar a sua extensão até 500 a 800 km num só século se a media de temperaturas aumentar 2 a 5ºC. As faias americanas, assim como outras espécies de faias, não conseguirão ter este alcance tão rapidamente. As sementes destas árvores, que se dispersam através dos gaios que as transportam, conseguem avançar para norte apenas 20 km por século! As faias teriam que “migrar” 40 vezes mais rápido para não se extinguirem, o que só será possível com a intervenção humana.

- Carga de nutrientes
Desde 1950, a carga de nutrientes – pelo aumento de nitrogénio, fósforo, enxofre e outros poluentes relativos à poluição tornaram-se num dos motores que impulsionam a alteração dos ecossistemas e por consequência a extinção de espécies e perda de biodiversidade.

- A poluição
Uma das consequências da expansão urbana e industrial é a extinção de muitas espécies vegetais e animais. A poluição originada é uma grave ameaça à biodiversidade do planeta. Por exemplo, na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil lagos do país.

- Uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais
A sociedade moderna - particularmente os países ricos - desperdiça grande quantidade de recursos naturais. A elevada produção e uso de papel, por exemplo, é uma ameaça constante às florestas.

No conjunto e numa escala global, há cinco controladores indirectos das mudanças na biodiversidade e dos ecossistemas: demográfico, económico, sociopolítico, cultural e religioso, científico e tecnológico (in Millennium).
Embora a biodiversidade e os ecossistemas tenham vindo a ser alterados devido a causas naturais, o Homem é uma das causas da perda da Biodiversidade.

“Nas últimas décadas as questões ambientais têm tido uma relevância cada vez maior na vida da nossa sociedade. Portugal assinou e ratificou diversas convenções internacionais e entraram em vigor muitas directivas comunitárias que influenciaram positivamente as políticas nacionais na área do ambiente. A rede nacional de áreas protegidas cresceu, foram designados os sítios da rede natura 2000 e aprovou-se uma estratégia nacional de conservação da natureza e da biodiversidade. Há sem dúvida casos de sucesso na recuperação da nossa biodiversidade como o crescimento da população de cegonha branca, o regresso de algumas aves que estavam extintas como nidificantes, caso do abutre-negro ou da águia imperial, assistimos à expansão da galinha sultana e à recuperação da foca monge mas muitas vezes tal deveu-se mais a factores laterais e não tanto a uma actuação proactiva no domínio da conservação. Na prática, tem sido difícil integrar a conservação da biodiversidade nas diversas políticas sectoriais e este sector não tem tido os recursos financeiros e humanos necessários para a efectiva implementação de estratégias, planos e acções que concretizem os objectivos definidos. Os exemplos negativos prosperam, com inúmeras áreas importantes ainda sem estarem classificadas, muitas áreas protegidas sem planos de ordenamento e gestão, o Plano Sectorial para a Rede Natura 2000 por aprovar, espécies emblemáticas como o lince-ibérico praticamente extinto, e na generalidade sem que existam os recursos que permitam uma eficaz gestão dos sítios a proteger e os planos de conservação de espécies a implementar.” (in Quercus)
No conjunto e numa escala global, há cinco controladores indirectos das mudanças na biodiversidade e dos ecossistemas: demográfico, económico, sociopolítico, cultural e religioso, científico e tecnológico (in Millennium).

Embora a biodiversidade e os ecossistemas tenham vindo a ser alterados devido a causas naturais, o Homem é uma das causas da perda da Biodiversidade.
Seremos nós então uma das armas para matar mas também para preservar a biodiversidade??

Fontes bibliográficas:
Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC.
Purves, Orians, Heller e Sadava. 1997. Life The Science of Biology 5ªEdição. Freeman USA
http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=633&articleID=1799, NOV. 2009
http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=622, NOV. 2009

Imagens:
http://virtualbooks.terra.com.br/livros_online/dinossauros_do_Brasil/Cap02.htm, NOV. 2009
http://www.terramater.pt/?pag=120, NOV. 2009
http://www.ehow.com/about_4810639_global-warming-effects-animal-habitats.html, NOV. 2009
http://geoesfera08.blogspot.com/, NOV. 2009

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